Ser jovem na era tecnológica: Breves considerações

Ser jovem na era tecnológica: Breves considerações

Muitas são as mudanças que ocorreram na sociedade desde o início dos primeiros homens, diversas foram as maneiras de comunicação que foram se estabelecendo no decorrer dos períodos. Diversas formas de escrita e comunicação foram se estabelecendo até que hoje chegamos a geração Z, aquela que vive em meios informacionais e possuem alto domínio das tecnologias.
A geração Z é aquela que possui vastos conhecimentos tecnológicos, nem tudo hoje em dia é novidade, conhecer pessoas de lugares distantes já não é impossível, compartilhar opiniões e comentários é algo tão simples que acaba passando despercebido, divulgar um trabalho é algo que pode ser feito em minutos, aprender a fazer um bolo sem a necessidade de sair de casa já é algo normal e sem falar que os aplicativos de delivery proporcionam uma despreocupação em relação as refeições familiares, algo extraordinário.
O fato é que com a chegada da covid-19 a proximidade dos jovens com as redes sociais cresceu assustadoramente, muitos que antes utilizavam essas redes somente por distração acabaram se tornando criadores de conteúdos ativos. A busca por novos seguidores, novas curtidas, comentários e visualizações é um caráter relevante para a geração atual e junto a isso se abre um questionamento em relação ao vínculo familiar. Até que ponto a família consegue interferir nos relacionamentos dos jovens com os meios tecnológicos? E, qual a verdadeira importância do núcleo familiar com os jovens frente aos meios tecnológicos?
A rede mundial de computadores se propaga na medida em que as novas tecnologias evoluem, hoje em dia é muito raro vermos pessoas que não tem contato com a internet. Facebook, Instagram, Whatsapp, se tornaram os meios mais rápidos de conversas e trocas de informações, o que possibilitou uma linguagem particular desse meio, entre seus usuários.
E nesse sentido, muitos jovens acabam se aprisionando dentro das redes sociais e vão alargando as convivências dentro de casa, por isso, é importante citar outra questão. As doenças psicológicas que se instauraram pós covid e a conversa pessoal que são substituídas pelas virtuais e diversas outras situações como jogos eletrônicos, tv’s modernas que levam a um isolamento que muitas vezes são vistos dentro da normalidade.
Com a criação de tecnologias cada vez mais sofisticada, com a expansão de redes sociais cada vez mais eficientes no que tange a distração dos jovens, é necessário que novas abordagens familiares surjam para que a interação dos jovens não se perca em meio a outras distrações e que a utilização dos aparelhos eletrônicos seja feita de forma consciente.
É notório que os avanços tecnológicos e os ambientes virtuais estão tornando nossa geração cada vez mais imediatista, buscamos velocidade na comunicação e instantaneidade nas informações, esclarecer dúvidas nunca foi tão fácil. As informações são expandidas quase que em tempo real.
As tecnologias trazem grandes facilidades para o dia a dia dos jovens, isso é fato, porém, se não for dosado cria-se uma rede de isolamento que esmiúça o vínculo familiar. A dosagem é importante pois assim como é tido facilidades de outro lado cria-se possibilidades de doenças pela falta de alimentação, pela falta de exercício físico entre outros.
O uso de smartfones, tablets, vídeo-games e outros aparatos tecnológicos cercam a geração atual e são os grandes responsáveis pelas mudanças comportamentais. Buscar sempre os melhores aparelhos e marcas é o que a maioria busca. Junto a isso é a busca por mais velocidade nos envios e recebimentos de mensagens, tanto é que os áudios ganharam mais velocidade para que “não se perca tempo” ouvindo áudios longos.
Os mais velhos já são, em número crescente, usuários das novas tecnologias, buscam conforto e praticidade não tendo que se locomover para as longas filas dos bancos, para os supermercados e nem para as compras básicas. Os aplicativos de banco e de entregas já são comum. Com a criação da chave pix, resolver alguns problemas financeiros já não é motivo de dor de cabeça.
Os jogos de vídeo-game são febre entre adolescentes e jovens, estudos apontam que eles passam em média de 5 a 8 horas em frente as telas o que muito influencia na distinção entre o mundo real e o virtual. Preocupação para alguns pais que perdem espaço dentro de casa para os jogos digitais que são introduzidas para distrair as crianças e logo após já se tornam rotina nos lares brasileiros.
Para muitos as invenções tecnológicas são de grande valia já que economizam tempo e evitam o acumulo de cansaço. Chegar em casa e ainda ter que limpar, lavar e cuidar da alimentação? Isso é coisa do passado, o mercado coloca nas prateleiras materiais que prometem agilidade nas tarefas diárias e assim chegamos ao ponto em que o tempo para si é essencial. A casa inteligente chegou para ficar e sem dúvida é a busca de muitos brasileiros.
A realidade virtual que proporciona momentos incríveis na busca de novas experiências, se sentir mais próximo ao novo mundo, aos personagens faz com que muitos invistam de todas as formas em tv’s de tecnologias mais avançadas de óculos de realidade virtual e muitas outras maneiras de se avançar na sociedade.
A medida que os novos lançamentos chegam ao mercado, a procura pelos mesmos são grandes, já que é preciso estar incluído em um determinado grupo social e para muitos esta inclusão se dá a partir da obtenção das “modinhas”. Roupas de marca, celular do ano, relógios mais sofisticados, tudo para que os jovens sejam aceitos dentro de seu grupo social. E nesse aspecto entra a família para mostrar que é importante entender sobre a situação econômica, pois muitos jovens acabam entrando para o mundo da criminalidade ao perceber que não possuem o poder aquisitivo necessário para se manter atualizado.
A atualidade envolve grandes propagandas que iludem e convencem a comprar mais e mais produtos e a partir daí se constrói uma cultura de consumismo exagerado e que para isso os meios de obtenção não importam diretamente.
O atual contexto sócio-histórico em que ancora a juventude é largamente influenciado por ferramentas que permitem construir, e sobretudo promover e disseminar, uma cultura em que a virtualidade desempenha um papel importante na comunicação entre as pessoas. e na construção e manutenção dos relacionamentos que desenvolvem.
Os jovens lidam com as mídias, tanto tradicionais quanto digitais, como se tivessem controle absoluto sobre a máquina e os mundos que ela proporciona. Ele sabe para onde ir e o que encontrar, mesmo que nunca tenha estado lá, ao contrário do mundo físico, onde estar presencialmente gera sensações totalmente diferentes.
Os jovens estão em contato constante com as novas tecnologias e estão cada vez mais conectados aos meios de comunicação, levando, recebendo e acumulando cada vez mais referências de imagem. Isso muda radicalmente sua percepção, sua maneira de pensar, perceber, agir e ser. Nessas práticas culturais eles vão se tornando nômades sedentários – estão mudando completamente o sentido tradicional do espaço e sua relação com o tempo.
Ao que tudo indica, os jovens estão descobrindo o espaço virtual como um campo fértil com novas formas do social que passam a fazer parte do cotidiano deles. Desenvolveram novas formas de olhar para si e para o mundo, influenciando práticas, ideias e formas de lidar com o mundo. Em suma, rompem radicalmente as fronteiras tradicionais entre matéria e espírito, corpo e mente, sujeito e objeto, indivíduo e sociedade.
A presença de aparelhos celulares nas mãos dos jovens é normal, -anormal é ver algum jovem que não possui o aparelho atualmente-. Seja trocando mensagens, ouvindo música, fazendo ou recebendo ligações, ou mesmo trocando arquivos entre si, o celular sempre está tão presente no dia a dia que era é quase unanimidade não associar a imagem dos jovens ao uso dessas tecnologias.
Nenhuma geração antes internalizou tantas mudanças tecnológicas, formas de comunicação, a definição de ser humano, a certeza da mudança, o tamanho e a interdependência do mundo da mesma forma que esta geração, que rejeita os ensinamentos dos mais velhos e entende a amplitude, mudando o contexto em que está inserido.
Dessa forma, estabeleceu-se a reflexão de questões relacionadas a maneira como os jovens pesquisados utilizam os aparatos tecnológicos e como estes influenciam e configuram o comportamento dos jovens em seu cotidiano, seja em relação à forma de entrar com quais estabelecem contatos e relações com outras pessoas ou como estes instrumentos intervêm na forma como estes jovens pensam e são.
O diálogo entre pais e filhos é essencial para a comunicação familiar, que se estende a outras relações sociais fora de casa. Por outro lado, se este diálogo não ocorre por solidão, falta de tempo ou falta de atenção, a comunicação é interrompida e desenvolve-se um distanciamento, que muitas vezes pode se tornar um abismo nas relações familiares e assim dar mais espaço para os celulares, televisores e vídeo-games.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Eisenstein, E. (2013). Crescimento biopsicossocial virtual. In C. N. Abreu, E. Eisenstein & S. G. B. Estefenon, (Orgs.). Vivendo esse mundo digital (pp. 214-219). Porto Alegre: Artmed.     

Juventudes e Tecnologias: Sociabilidades e Aprendizagens / Carlos Ângelo de Meneses Sousa (Org.), et al . – Brasília: Liber Livro, 2015. 344 p. : il.; 24 cm.

Williani Serrao Ribeiro

Professora de Língua Portuguesa. Atua em projetos voltados para jovens em fase de pré-vestibular e outros acompanhamentos que abrangem a área familiar e social dos mesmos.
Currículo lattes: https://lattes.cnpq.br/1518025112531717

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Williani Serrao Ribeiro
Professora de Língua Portuguesa. Atua em projetos voltados para jovens em fase de pré-vestibular e outros acompanhamentos que abrangem a área familiar e social dos mesmos. Currículo lattes: https://lattes.cnpq.br/1518025112531717