A ciência forense sempre me apaixonou, uma vez que escolhi em minha vida acadêmica percorrer o caminho da química analítica, essa área da química, poderíamos dizer que é aquela voltada para análise de compostos em sua essência, onde se procurar determinar a composição de determinadas substâncias usando análise de um grande rigor.
Devido a isso, sempre achei a ciências criminal fascinante, pois são áreas que se complementam, que trazem contribuição uma para a outra.
Uma subárea que sempre despertou meu interesse foi a parte que usa a ciência forense para investigação criminal, auxiliando os órgãos judiciários a desvendar onde os vestígios eram mínimos.
Para os amantes de programas policiais na TV, a importância da química na investigação criminal não é uma surpresa, mas falaremos sobre a ciência por trás da ficção!
A verdade é que um cientista forense é muitas vezes um químico. Isto porque a análise de restos de armas de fogo, cabelos ou vestígios de sangue que possam ligar um suspeito à cena do crime, é sobretudo um processo que utiliza as técnicas da química, os instrumentos desenvolvidos para a química e os métodos de resolução de problemas de químicos.
De facto, a investigação criminal moderna põe à prova os limites e as capacidades da chamada Química Analítica: um ramo da química que se centra na identificação das quantidades de substâncias presentes numa amostra.
Vamos a um exemplo, todas às vezes que você lê o rótulo de alimentos, pode ver as especificações de sua composição, em rótulo de leite em pó é possível, verificar o quanto de cálcio, sódio ou gordura há nesse alimento, pois bem essas detecções são feitas por técnicas analíticas que dão resultados precisos e claros para quem queira adquirir aquele produto.
E não pensei que a química analítica está ligado apenas a detecção de componentes de alimentos, ela vai bem, além disso.
O desenvolvimento de fármacos, na dosagem de seus componentes, utilizam-se técnicas baseadas na separação de substância, para não somente usar a sua detecção como a quantificação dos mesmos.
Sendo assim, ela está presente em inúmeros testes doping feitas em atletas de alto nível, próximos a competições. Lembra das Olimpíadas do Rio 2016? Pois é, vários laboratórios da cidade do Rio de Janeiro, foram credenciados, para fazer esse tipo de testes, usado a cromatografia, como métodos de quantificação.
E não para por aí, você já parou para pensar no que você respira? Será que a composição do nosso ar é mesmo aquilo que vemos nos livros? Sendo sua composição principal formada pela combinação de gases como oxigênio e nitrogênio? Pois eu lhe digo que não!
E até aí, a química analítica pode ajudar e se aliar a ciência forense, mostrando indícios muitas vezes de crimes ambientais, através das análises de componentes do ar, e nessas análises pode-se detectar substâncias nocivas à saúde humana, como hidrocarbonetos voláteis ou até mesmo metais pesados, todas essas substâncias indicam haver mais que apenas uma grande porção de oxigênio e nitrogênio no ar atmosférico.
Uma das áreas mais interessantes da química, a meu ver, é ela ser usada nas ciências forenses para desvendar crimes, aos olhos da química não há crimes que não possam ser desvendados, pois sempre haverá uma análise que poderá ser feita e desvendará, aquilo que normalmente é imperceptível aos olhos.
Em casos civis, os químicos analisam o DNA para autenticar produtos valiosos e identificar atividades fraudulentas. Os químicos também determinam informações de crimes não resolvidos e mistérios do passado por outros meios de análise de DNA.
Aqui vou sintetizar algumas formas de análise de ciência forense, usando como recuso a química.
Como já foi dito, a química é usada na ciência forense para descobrir informações de evidências físicas. Em casos criminais, os químicos analisam substâncias como sangue, DNA e resíduos de pólvora para tentar determinar quando e por quem o crime foi cometido. Em casos civis, os químicos analisam o DNA para autenticar produtos valiosos e identificar atividades fraudulentas. Os químicos também determinam informações de crimes não resolvidos e mistérios do passado por outros meios de análise de DNA.
Vamos entender um pouco mais como são feitas essas análises:
– Análise de sangue
Frascos com amostras são inseridos em um cromatógrafo para teste. Basicamente, um cromatógrafo baseada no princípio onde as moléculas de uma mistura são espalhadas em um sólido ou superfície, e uma fase estável (fase estacionária fluida) separa os componentes de uma mistura uns dos outros enquanto trabalha com o auxílio de uma fase móvel.
Além de ser usado para identificação de suspeitos, o conteúdo de sangue na cena do crime pode ser avaliado para revelar a presença de substâncias. Para essa avaliação, um químico fará um teste de cromatografia, que utiliza calor intenso para separar o sangue em diferentes conteúdos. Depois, um químico determina o nível de substâncias como álcool ou medicamentos que afetariam as ações e motivações do suspeito durante um determinado crime.
– Análise forense de DNA em casos criminais
Um cientista forense segura um envelope contendo evidências de uma cena de crime.
A análise forense de DNA é usada em casos criminais para combinar o DNA de um indivíduo com o das células do corpo deixadas na cena do crime, como células da pele, cabelo, sêmen e sangue. O FBI geralmente usa a análise STR para seus casos. Com a análise STR, os químicos coletam amostras de DNA de áreas na cena do crime. Estes são então comparados com os perfis de DNA de indivíduos registrados em um extenso banco de dados chamado CODIS para identificar suspeitos.
– Análise forense de DNA em casos civis
Balanças de justiça, um martelo e livros de direito sobre um balcão de mármore.
A análise forense de DNA é usada em casos civis, como fraude, falsificação ou negligência. Por exemplo, cadeias de DNA únicas foram colocadas em bolas de futebol do Super Bowl XXXIV, bem como em Jogos Olímpicos para análise de caso de doping, fornecendo assim um meio para determinar a autenticidade. Além disso, a análise forense de DNA é usada para identificar a pureza e o conteúdo de alimentos, água e produtos farmacêuticos para garantir que atendam aos padrões legais exigidos.
– Análise forense do DNA mitocondrial
Para ficar mais claro, o DNA mitocondrial é o cromossomo circular encontrado dentro das organelas celulares chamadas mitocôndrias.
Uma situação interessante é a de uma pesquisadora forense trabalha em sua mesa. Para eventos recentes, a análise de DNA forense usa DNA nuclear para identificar correspondências. No entanto, com o tempo, o material do DNA nuclear se deteriora, tornando necessário testar outras partes da célula. A análise do DNA mitocondrial (mtDNA) é usada para encontrar correspondências em crimes não resolvidos de anos atrás. Além disso, o mtDNA pode ser usado para resolver reivindicações e disputas, identificando pessoas e linhagens de até 1.000 anos atrás.
– Análise de armas de fogo
Muitas vezes usadas para armas e balas na cena de um crime. A química é frequentemente utilizada em crimes envolvendo armas de fogo para identificar informações de balas e resíduos recuperados. Por exemplo, um cientista forense examinará as mãos e roupas de um suspeito com luzes infravermelhas para procurar resíduos de pólvora. Caso esse resíduo coincida com o da bala encontrada na vítima, há indícios de que o suspeito disparou recentemente o mesmo tipo de arma de fogo responsável por ferir a vítima. Se nenhum resíduo de pólvora for encontrado em um suspeito, uma análise química da bala ainda pode revelar informações como o tipo de arma de fogo usada e há quanto tempo a bala foi disparada.
Talvez ao chegar até aqui você consegue entender o meu fascínio por essa parte da ciência forense, me parece duas partes das ciências naturais que andam juntas.